Feliz de quem junta tesouros no Céu!
Há mentiras que, de tão repetidas, acabam passando
por verdades. É o caso dos famosos “tesouros da Igreja”. Onde estariam? Quais
seriam? Quanto valeriam?
Era véspera de Carnaval. Os
carnavalescos de uma escola de samba do Rio de Janeiro
escolheram o tema da
fome para o enredo daquele ano. Tudo ia bem, até que, alguém resolveu colocar
Jesus no meio. A ideia original era de que haveria uma briga entre Cristo e o diabo. Jesus seria o autor de um disparo involuntário
que acertaria uma menina. Isso não agradou sequer os foliões da escola de
samba, quanto mais a Igreja Católica do Rio de Janeiro.
A
versão original foi modificada e o vilão passou a ser o diabo, que disparava o
tiro e acertava a menina, que era ressuscitada por Jesus.
Na reportagem, um dos autores do
enredo criticou veementemente a atitude de repulsa da Igreja Católica. Afirmou: “Não estamos preocupados com
essas ‘turminhas’ que ficam dentro dos templos banhados de ouro. Aliás, fica a
sugestão: derretam o ouro desses templos e vamos matar a fome do povo”.
A
caridade deve ser gratuita e desinteressada
A frase não mereceria ser propagada
se não fosse, mais uma vez, o refrão repetido, insistentemente, por aqueles que
não sabem muito bem o que estão falando. Jesus pediu que fôssemos discretos ao
fazer a caridade. Chegou a dizer que “a mão direita não deve saber o que faz a
esquerda”. Não era adepto do marketing que move políticos e comerciantes. Na doutrina cristã, a
caridade deve ser gratuita, não interessada em reduzir o “carma”. Apesar disso,
as circunstâncias nos levam a lembrar algumas coisas que são feitas nas
sacristias e paróquias e que pouca gente fica sabendo.
Você tem ideia de quantas refeições
os vicentinos distribuem por dia? De quantas cestas básicas apenas esse
movimento fornece por mês? É muito mais pão do que uma escola de samba consegue
distribuir na Marquês de Sapucaí, simulando o milagre de Jesus. Milhões de
brasileiros são alimentados por esse movimento de solidariedade que começou bem antes do Projeto
Fome Zero e continuará depois dele, e sem fazer alarde.
Você
conhece o Apostolado da Caridade de sua paróquia? Alguém já somou os pratos de
comida que famintos recebem na portaria de conventos e casas de caridade? E os
asilos, orfanatos, obras de promoção humana, recuperação de dependentes
químicos, hospitais, etc.; a lista seria interminável.
Olhe
para as mãos calejadas daquela religiosa de 70 anos que deu a vida para
assegurar a dignidade de órfãos em São Paulo. Esse é o tesouro da Igreja. Os
famintos do Brasil sabem muito bem disso. Todo dia, milhares de pessoas dão um
pouco de suor, sangue e lágrimas para fazer acontecer o milagre da vida. É um
tesouro que alguns teimam em não enxergar.
O verdadeiro tesouro não é
desta terra
E o ouro? É risível. Um Papa quis
entregar à ONU (Organização das Nações Unidas) a custódia dos famigerados
tesouros do Vaticano. Trata-se de um tesouro da humanidade como pinturas, esculturas, colunas e
paredes. Resultado: a entidade não aceitou o presente, pois não estavam dispostos
a arcar com o custo da manutenção.
No
Brasil, deveríamos vender as igrejas de Ouro Preto, Mariana ou Salvador? É uma
visão infantil e ingênua. A Igreja tem muitos tesouros, mas não estão aqui na
terra, onde a traça e o ladrão podem roubar. Não foi isso que disse Jesus?
Feliz de quem junta tesouros no céu!
(Extraído do livro “Pronto, Falei!” da
autoria de Padre Joãozinho)
Fonte: Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário