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domingo, 15 de abril de 2018

BEM-AVENTURADA ROSALIE RENDU

Joana Maria Rendu, (Irmã Rosalie), filha de Antonio Rendu e Maria Ana Laracine, nasceu em 9 de setembro de 1786, em Confort, distrito de Gex, nas Montanhas do Jura, sudeste da França e perto da fronteira com a Suíça. Ela viveu toda a sua vida de Filha da Caridade, 53 anos, no bairro Mouffetard, o bairro mais pobre de Paris.

1786 nascimento
1802 entrada na Companhia das Filhas da Caridade
1803 envio em missão para a Casa São Martinho
1807 emite os votos pela primeira vez
1815 torna-se Irmã Servente (superiora) da Casa São Martinho
1830 Revolução. As postulantes são colocadas na casa da rua l’Épée-de-Bois
1831 arcebispo de Quélen e outros membros do clero são acolhidos na rua l’Épée-de-Bois
1833 começo da orientação aos primeiros membros da Sociedade de São Vicente de Paulo
1840 trabalho com as Senhoras da Caridade, restabelecidas recentemente; início da expansão dos trabalhos da casa

1848 Revolução; a casa se torna refúgio e hospital de campanha
1852 condecorada com a Cruz da Legião de Honra por Napoleão III.
1853 a saúde enfraquece, visão começa a falhar
1856 morte; estima-se que 50.000 pessoas, de todos os setores da sociedade, estiveram presentes no funeral
1953 abertura do processo diocesano de beatificação em Paris
2003 beatificada pelo Papa João Paulo II
7 de fevereiro: dia da festa
Em 25 de maio de 1802, Irmã Rosalie entrou no Seminário (noviciado) na Casa Mãe das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, na rua du Vieux-Colombier, em Paris. Seu esforço para dar o melhor de si mesma em sua nova vida, afetou sua saúde, e ela foi enviada para a casa das Filhas da Caridade, na região de Mouffetard, na esperança de que a mudança iria ajudá-la a recuperar suas forças.

O anseio por ação, devoção e serviço que ardia dentro de Irmã Rosalie não poderia ter encontrado lugar melhor para ser saciado. Doenças, casas insalubres e miséria eram seu campo de ação e o cenário diário dos habitantes que lutavam apenas para sobreviver. Irmã Rosalie desabrochou entre pessoas que rapidamente se tornariam seus “Amados Pobres”.

No começo de seu apostolado, ela acompanhava as Irmãs da casa nas visitas aos doentes e aos pobres em suas casas, ensinava o catecismo e a leitura às meninas na escola gratuita. Em 1807, fez os votos pela primeira vez. Logo, revelaria qualidades como piedade, autoridade natural, humildade, compaixão e capacidade de organização. Assim, em 1815, ela seria nomeada Irmã Servente (superiora local) da casa.

Responsável por sua comunidade, Irmã Rosalie recebeu a missão de orientar cada uma de suas Irmãs, providenciar formação para os novos membros e fazer a coordenação da vida comunitária, serviço queassumiucom muito cuidado, transmitindoamor e alegria.

Atenta às novas pobrezas que surgiam,Irmã Rosalie, pouco a pouco, no decorrer dos anos,ampliou os trabalhos da casa: uma escola, visitas aos doentes em suas casas, uma farmácia, uma creche para crianças ainda muito pequenas para irem à escola, um dispensário e um patronato para as jovens operárias. Ao mesmo tempo,conquistou outras pessoas para participar da missão vicentina.

Irmã Rosalie era “a boa mãe de todos” sem distinção de religião, partido político ou classe social. Com uma mão, ela recebia dos ricos, com a outra, dava aos pobres. Aos ricos, Irmã Rosalie dava a alegria de fazerem boas obras. Frequentemente, era possível vê-la, no parlatório de sua casa, com seus “Amados Pobres”e também com bispos, padres, oficiais do governo, mulheres ricas e estudantes universitários. Entre eles, estavam Frederico Ozanam e os primeiros membros da Sociedade de São Vicente de Paulo.

Com ternura e respeito, Irmã Rosalie e as Irmãs da casa orientam estes rapazes generosos e outros estudantes. Ela lhes recomenda paciência, tolerância e educação. “Amem os pobres, não os acusem… lembrem-se de que os pobres são ainda mais sensíveis às boas maneiras que à sua ajuda.” Ela os conduz, acima de tudo, peloexemplo: “Todos os dias, em qualquer tempo, Irmã Rosalie atravessava as ruas e os becos que subiam até o Panteão, no lado sul do Monte de Santa Genoveva… com o terço na mão e um cesto pesado nobraço, andando com passos apressados , pois sabia que os pobres esperavam por ela!”

Ela falava com Deus sobre esta família em desgraça porque o pai não tinha mais nenhum trabalho, daquele idoso que corria o risco de morrer sozinho num sótão: “Nunca faço tão bem minha oração como na rua”, ela diria. Sua fé, sólida como uma rocha e clara como um manancial, revelava Jesus Cristo em todas as circunstâncias. Sua vida de oração era intensa, como uma Irmã afirmou: “… ela vivia continuamente na presença de Deus. Havia uma missão difícil a desempenhar? Nós tínhamos certeza de vê-la subir para a capela ou encontrá-la de joelhos no seu gabinete”.

Com suas Irmãs e sua vasta rede de colaboradores, ela cuidou, alimentou, visitou e consolou incansavelmente outras pessoas! Dotada de aguçada sensibilidade, ela tinha empatia com todos que sofriam. “Há qualquer coisa que me sufoca”, dizia ela, “e que me tira o apetite… é a ideia de que falta pão em tantas famílias”. Para o serviço dos pobres, atreve-se a empreender tudo com inteligência e audácia. Nada a detém quando se trata de tirá-los da miséria.

Irmã Rosalie não contestava a ordem estabelecida, nem alimentava a revolta. Para lutar contra a injustiça e a miséria, despertava a consciência daqueles que tinham o poder ou o dinheiro, trabalhava na instrução das crianças e das jovens de famílias pobres e, para responder às urgências suscitava a partilha: ela “organizava a caridade”.

Durante os anos da Revolução, em 1830 e 1848, Irmã Rosalie e as Irmãs cuidaram dos feridos – revolucionários e soldados. Pessoas que estavam sendo perseguidas, encontraram refúgio na casa das Irmãs, na rua de l’Épée-de-Bois, que se tornara um refúgio e hospital de campanha.

Os últimos anos de vida da Irmã Rosalie foram dolorosos, pois sua saúde piorou e sua visão diminuiu. Ela não podia mais visitar regularmente seus “amados pobres” ainda que sua reputação continuasse a crescer. O imperador Napoleão IIIcondecorou-a com a Cruz da Legião de Honra, uma honra militar que apenas quatro mulheres tinham recebido até recentemente.

Na vida, ela experimentou como uma “simples Filha da Caridade”, a verdade das palavras de Vicente de Paulo em 1660: “… certamente o grande segredo da vida espiritual é entregar a Deus tudo que amamos pelo abandono de nós mesmos a tudo que ele deseja. Rezai por mim”. E seria esta simples Filha da Caridade que seria homenageada em seu funeral, em 9 de fevereiro de 1856. Aproximadamente 50.000 pessoas de todos os setores da sociedade e tendências políticas e religiosas estiveram presentes. Deste dia em diante, seu túmulo está sempre decorado com flores.

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